Mas o Que Importa é Que Não É Crime, Né?
Em um episódio que mistura seriado americano, falta de noção e um tiquinho de cara de pau temperada com óleo de peroba, uma moradora de nossa pacata cidade de Mandaguari decidiu fazer o bem: doou uma filhote de pitbull com caramelo — um legítimo combo da beleza canina brasileira — para um cidadão que, até então, parecia ser movido por amor aos animais.

Mal sabia ela que o cara era mais marqueteiro que vendedor de curso online. Poucos dias depois da adoção, eis que surge nas redes sociais a pequena vira-pit sendo anunciada como “pitbull puro de linhagem nobre”, por módicos R$300. Um verdadeiro escândalo genético com preço promocional e zero compromisso com a verdade.

A moça, revoltada e com toda razão, correu para o grupo da cidade no WhatsApp — o Supremo Tribunal Federal da internet local — e relatou o caso. A comoção foi tanta que até o cachorro do vizinho latiu em solidariedade.
Procurou a polícia. Queria justiça, ou pelo menos um puxão de orelha no cidadão sem noção. Mas foi surpreendida com um balde de realidade:
não é crime.
Isso mesmo, senhoras e senhores. No Código Penal Brasileiro ainda não consta o artigo “171 canino com agravante de sacanagem emocional”. O ato é legal. Mas a moralidade? Essa pegou o primeiro Uber e foi embora da cidade com vergonha de existir.
E o cara?
Segue pleno, provavelmente tomando café com leite e negociando outros “pits premium” enquanto lê comentários como “ai que lindaaa” e “ela tem pedigree?” com a tranquilidade de quem vende gelo no Alasca.
E a cadelinha?
Coitada, sem saber que virou protagonista de um golpe digital e símbolo de uma geração que vende até a própria sombra se a legenda tiver emoji de foguinho 🚀🐶💰.
Moral da história (se é que sobrou alguma):
Nem tudo que late é de raça. Nem todo golpe é com CPF. E no Brasil, até o cachorro precisa desconfiar de quem oferece ração demais e amor de menos.
Ohh nooo.. mandaguari é o fluxo