Carta da Praça: um grito abafado por buzinas e descaso
A carta que você vai ler logo abaixo foi escrita por uma moradora da cidade de Mandaguari e trabalhadora dos quiosques da praça.
Você já foi até a Praça Bom Pastor e se perguntou se estava em Mandaguari ou num episódio do The Walking Dead? Pois é. Enquanto a cidade segue sonolenta, fingindo que tudo vai bem — como aquele parente que esconde a bagunça empurrando pra debaixo do tapete — tem gente que tá gritando por socorro. Literalmente.
A carta que você vai ler logo abaixo foi escrita por uma moradora da cidade de Mandaguari e trabalhadora dos quiosques da praça. Gente que não tá pedindo luxo, palanque ou selfie com político. Tá pedindo o básico: segurança pra trabalhar. Olha que ousadia, né? Em pleno 2025, a pessoa ainda acredita que pode sair de casa e não ter seu ponto de trabalho invadido por vândalos. Sonhadores, esses trabalhadores…
E não, não é um caso isolado. Já tentaram arrombar, já invadiram, já recorreram às “autoridades competentes” (aquelas mesmas que somem mais que Wi-Fi de praça em dia de chuva), e até agora? Silêncio. Inércia. E muita cara de paisagem.
A ironia? É que se algum desses trabalhadores ousar reagir, é capaz de acabar respondendo por abuso. Porque, no Brasil, o trabalhador é o culpado de atrapalhar o vagabundo.
Mas como aqui a gente não silencia a voz de ninguém — ao contrário de quem deveria — publicamos a carta na íntegra, como foi escrita. Leia. Compartilhe. E, se sobrar um tempinho entre um discurso e outro, quem sabe a senhora prefeita ou os excelentissimos vereadores resolvam fazer alguma coisa.
A seguir, o grito dos invisíveis — também conhecidos como cidadãos mandaguarienses que pagam imposto:
Carta Aberta aos Moradores de Mandaguari e Autoridades Competentes
Prezados moradores e autoridades,de Mandaguari.
Hoje, venho até vocês com o coração angustiado e a voz embargada. Somos trabalhadores que, dia após dia, tiramos nosso sustento dos quiosques da Bom Pastor. O que deveria ser um espaço de trabalho e alegria convivência se transformou em um ambiente de medo e insegurança.
Recentemente, enfrentamos uma série de tentativas de invasão em nossos quiosques. Hoje,o meu não foi alvo mas semana passada tentaram, mas hoje dois quiosque foi atacado, do Dri e do Davi. Até quando viveremos sob essa constante ameaça? Até quando teremos que conviver com a presença de andarilhos que tornam nosso local de trabalho um campo de insegurança?
Estamos vivendo à mercê da incerteza, sem saber se teremos condições de trabalhar amanhã. Já buscamos ajuda, já nos manifestamos, mas nossas vozes parecem ser ignoradas. É doloroso pensar que, se tomarmos uma atitude para nos defender, podemos ser punidos por isso. Enquanto isso, os verdadeiros bandidos circulam livremente entre nós, sem compreender que aqui é nosso ganha-pão.
Por isso, pedimos urgentemente a atenção das autoridades locais! Senhora Prefeita e Secretário de Segurança, precisamos que olhem para nós! É hora de agir! É fundamental que medidas efetivas sejam tomadas para garantir nossa segurança e dignidade. Não podemos mais viver assim!
Estamos clamando por apoio e proteção. Precisamos da força do poder público para que possamos trabalhar em paz e garantir o sustento de nossas famílias. Contamos com a solidariedade da sociedade e com a ação efetiva das autoridades.
Juntos, podemos fazer a diferença e fazer essa praça bom pastor uma praça de família não de usuário de droga.
Atenciosamente,
Trabalhadores dos Quiosques da Bom Pastor
escrita por Erika Coelho e publicada em: https://www.facebook.com/share/p/18sf1UQX19/
Lamentável