Imagine você ser chamado às pressas pra apagar um incêndio — daqueles brabos — e, depois de suar, salvar, carregar nas costas, ouvir um “valeu” e… ir embora com o bolso vazio.

Agora, multiplica isso por dois meses inteiros. Pois foi exatamente esse o roteiro tragicômico vivido pelos servidores que atenderam o Asilo São Vicente de Paulo em Maringá. Depois que a empresa terceirizada resolveu praticar parkour financeiro (pulando pagamentos), os funcionários sumiram, e a situação dos idosos virou um drama de novela mexicana.

Então a Prefeitura, no estilo “quem não tem cão, caça com servidor público”, chamou gente de várias secretarias no desespero.Dois meses. Não foi dois dias, nem duas semanas: foram dois meses de plantão, turnos, cuidados, carinho, paciência…

Tudo sob a promessa de que haveria, claro, uma compensação. Afinal, ninguém sobrevive de vento, nem os super-heróis da vida real, certo?Errado. Passaram-se semanas, passaram-se meses, passaram-se desculpas esfarrapadas. E até agora? Nem cheiro de pagamento. Nem uma “cesta de agradecimento”. Nem um “parabéns, campeão” com foto no Instagram oficial.O resumo da obra? A Prefeitura usou os servidores como tampão humano, resolveu o problema dela, e agora finge que foi tudo voluntário, espontâneo e movido por amor universal.

Maringá, sempre inovando: agora temos o “trabalho emergencial em caráter de otário” como política pública.E os idosos? Seguem lá, precisando de cuidado. E os servidores? Seguem aqui, precisando de respeito. E a gestão? Segue soltando release bonito na imprensa, achando que resolve tudo com uma nota cheia de palavras bonitas e promessas vazias.

Mas calma, dizem por aí que esperança é a última que morre. Do jeito que as coisas vão, é capaz dela também pedir demissão e abandonar o barco sem receber.

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